Falando mais sobre dislexia...

Dislexia
A ABD-Associação Brasileira de Dislexia, é constituída por pais e disléxicos
voluntários, que têm a preocupação de conscientizar educadores pais e a sociedade a
respeito da dislexia. Seu objetivo é tornar-se auto-sustentável e trabalhar com
parcerias para criar projetos educacionais, formação de profissionais e pesquisa. A
ABD coligada brasileira a IDA-International Dyslexia Association, é uma entidade sem
fins lucrativos.
A dislexia é definida como um déficit no desenvolvimento do reconhecimento e
compreensão dos textos escritos.
Este transtorno de aprendizagem na área da leitura não ocorre por deficiência
mental, nem pela escassa escolarização ou problema neurológico. Somente se
classifica como tal se houver uma alteração relevante do rendimento escolar ou da
vida cotidiana. E deve ser diagnosticada por uma equipe multidisciplinar.
A dislexia é a mais comum das dificuldades de aprendizagem. Segundo
pesquisas realizadas, um quinto das crianças sofrem de dislexia, fazendo com que
elas tenham dificuldades no seu aprendizado. A criança disléxica não é menos
inteligente que as outras. Simplesmente algumas delas têm um grau de inteligência
normal ou superior às outras crianças.
Os pais e educadores devem saber que muitas crianças são disléxicas,
portanto precisam ficar atentos aos sinais de dislexia que, às vezes, podem ser
confundidos como mau comportamento, preguiça ou pouca inteligência. A criança
disléxica pode expressar sua frustração exatamente dessa maneira. A dislexia não é
motivo de vergonha para a criança nem para seus pais.
Existem diversos níveis e tipos de dislexia:
- Os níveis podem ser: leve, moderado e severo.
- Os tipos podem ser: Auditiva, Visual, Mista, Disgrafia, Disnomia e Discauculia.
• Auditiva: dificuldades em identificar fonemas.
• Visual: dificuldades em identificar grafemas.
• Mista: são as duas dificuldades.
• Disgrafia: dificuldades com coordenação motora fina.
• Disnomia: dificuldade com a memória imediata.
• Discalculia: dificuldades em fazer cálculos.
Alguns pesquisadores acreditam que pessoas disléxicas têm maior
probabilidade de serem bem sucedidas, pois as dificuldades no inicio da vida escolar
para aprender de uma maneira convencional faz com que estas crianças sejam mais
criativas e desenvolvam uma habilidade maior para lidar com problemas e stress.
As causas da dislexia são neurobiológicas e genéticas. Pesquisadores
acreditam que se a criança que tem disléxica for tratada ainda pequena ela terá muitas
chances de cura.
Para entender melhor a dislexia é importante conhecer o funcionamento do
cérebro. Diferentes partes do cérebro exercem funções especificas. A área esquerda é
a que está diretamente relacionada à linguagem que tem três sub-áreas distintas:
• Uma processa fonemas.
• Outra analisa palavras.
• E a ultima reconhece palavras.
Essas subdivisões funcionam em conjunto possibilitando que o ser humano
aprenda a ler e escrever. O cérebro de disléxicos não funciona dessa forma porque
existe falha de conexões cerebrais. O disléxico, para fazer a leitura, recorre à área que
processa fonemas e, por essa razão ocorre a dificuldade em diferenciar fonemas de
silabas.
Os sintomas da dislexia se apresentam pela:
- demora em aquisições e desenvolvimento da linguagem oral;
- dificuldades de expressão e compreensão,
- dificuldades para organizar seqüências temporais e espaciais,
- dificuldades em ordenar as letras do alfabeto,
- dificuldade em memorizar fatos recentes,
- dificuldade para organizar sua agenda,
- dificuldades para interagir com outras crianças.
Podemos observar que algumas crianças gostam de conversar são curiosas e
falam bem, mas não gostam de ler nem escrever, ou seja, a mesma criança que é
capaz de resolver um problema na oralidade poderá ter dificuldade em resolver na
escrita. Portanto a dificuldade dessa criança não é na aprendizagem da matemática, e
sim na leitura.
A criança disléxica possui uma inabilidade para contar para trás de dois em
dois ou três em três, ela não tem compreensão da ordem e estrutura do sistema
numérico, dificuldade para aprender tabuada.
A dislexia não tem faixa etária tanto uma criança, um jovem, adulto ou idoso
podem ter. Segundo ABD 10% a 15% da população mundial possuem dislexia
independente de raça, classe social, ou grau de instrução.
Na Inglaterra, 45% dos presidiários são disléxicos. No Brasil ainda não temos
dados. Das avaliações feitas na ABD pode-se constatar que a maior parte são homens
(63%) e a menor são mulheres (37%).
A dislexia é um problema de preocupação mundial, por essa razão a mídia
internacional está sempre focalizando os aspectos que envolvem esse distúrbio. No
Brasil a partir do ano dois mil (200) a mídia tem feito diversas reportagens com ABD, a
fim de esclarecer e conscientizar educadores e pais sobre essa questão que causa um
grande sofrimento para as pessoas que tem dislexia.
As instituições Fuvest, Puc, e Mackenzie já reconhecem as necessidades
especiais dos disléxicos e autorizam 25% a mais de tempo para a realização das
provas. O Detran da cidade de Santos já autoriza os disléxicos a fazerem provas
teóricas oralmente.
Os disléxicos já conseguiram algumas conquistas legais, ou seja, leis já
aprovadas tais como: LEGISLAÇAO DE APOIO PARA ATENDIMENO AO DISLÉXICO
LDB 9.394/96.
Lei 8.069, de 13 de julho de 1990 (ECA)
Deliberação CEE-11/96
Indicação CEE nº. 5/98, de-15/4/98.
Parecer CEE 451/98-30/7/98
Parecer CNE/CEB nº 17/2001
Resolução CNE/CEB nº2, de 11 de setembro de 2001.
DECRETO Nº 3.298, DE 20 DE DEZEMRO DE 1999.
“Regulamenta a lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989, dispõe sobre a Política
Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, consolida as normas
de proteção e dá outras providências.”
DIRETRIZES NACIONAIS PARA A EDUCAÇAO ESPECIAL NA EDUCAÇAO
BÁSICA
PROCESSO Nº: 17/2001-COLEGIADO: CEB-APROVADO EM: 03.07.2001
Conclusão
Um aspecto a ressaltar quanto a essa relação Educação/Saúde,
Saúde/Educação é que embora o currículo oficial para o 1º grau prevê
obrigatoriamente o ensino da saúde (Lei n°. 5692), os cursos de formação de
professores não incluem uma visão crítica de questões elementares de saúde. Logo o
professor sem nenhuma formação básica nessa área é obrigado valer-se do bom
senso para detectar em seus alunos possíveis dificuldades relacionadas com a saúde.
É de ressaltar, ainda, que esse bom senso, muitas vezes, é um conjunto de conceitos
do senso comum nem sempre validado cientificamente. Essa constatação nos leva a
crer que seria de grande importância e beneficio para profissionais da Educação e
principalmente para a população escolar, que houvesse um trabalho conjunto entre
essas duas áreas que possibilite uma visão mais crítica dessas questões, talvez até
formando um corpo específico de conhecimento.
Seria de grande valor que esse trabalho conjunto entre profissionais da
Educação e da Saúde resultasse, por exemplo, em uma avaliação médica mais
completa, levando-se em consideração as características da clientela escolar e as
observações do educador. Isso poderia ocorrer em postos de saúde existentes na
própria comunidade.
É possível observar que muitas das dificuldades de aprendizagem estão
intimamente ligadas às questões de saúde e também pela falta de vontade política,
que acabam gerando este quadro caótico que se encontra a educação brasileira, faz
muito tempo que acontece descaso com a educação. No Brasil existem grandes
pesquisadores que estão no mesmo nível de pesquisadores de países de primeiro
mundo, e por esta e outras razões não é possível compreender o que acontece em
nosso país.
Não dá para falar dos problemas de aprendizagens sem analisar a educação
como um todo, pois existem diversas questões que juntas constroem um modelo de
educação que não evolui, e sim involui.
É preciso, urgentemente, parar e prestar atenção no ser humano, notar que
todas as crianças são maravilhosas, repletas de possibilidades e que apenas querem
ser respeitadas nos seus direitos, direito de ter uma vaga na escola e um emprego
digno no futuro, direito de ter um professor bem preparado não apenas para ensinar a
fazer contas de matemática, mas principalmente ensinar a ser um cidadão pleno com
direitos e deveres.
Foi possível perceber nessa pesquisa que a educação brasileira está muito
doente, mas foi possível notar também que existe cura, que depende de todos nós e
de cada um. Na vida quase sempre não podemos fazer grandes coisas, mas podemos
fazer milhões de pequenas coisas que somadas ao longo do tempo se tornarão uma
grande coisa.
Cabe ao educador a grande missão, de olhar com muita atenção e cuidar com
carinho dessas pequenas plantinhas que um dia poderão ser grandes árvores.
Comentários
No Brasil há algumas pessoas famosas que são disléxicas, mas não assumem.
Ao contrario dos famosos americanos que até empunham bandeira em favor da
luta contra o preconceito e ignorância, que prejudicam muitas vezes toda a vida de
uma pessoa.
Eu acredito que muitas pessoas no mundo que têm dislexia ficam confortadas
ao saberem que famosos como: Tom Cruise, Robin Williams, Bill Gates, Walt Disney
entre outros, que têm dislexia conseguiram ultrapassar a barreira do preconceito e
mostraram que com criatividade, habilidade e talento todos podem vencer até mesmo
quem sofre limitações.
Esses exemplos mostram que se existem muitas maneiras de aprender, então
devem existir também muitas maneiras de ensinar.
O Professor deveria preparar uma boa aula, explicando a matéria com calma,
escolher exemplos bem apropriados, procurar fazer exercícios com conteúdo dividido
em três níveis; fácil, um pouco difícil e mais difícil. Em um determinado dia Fazer
atividades em grupo, em outro em dupla e em outra oportunidade o aluno devera fazer
individualmente. Essas atividades deverão ser feitas sempre com o mesmo conteúdo.
O educador deve possibilitar ao aluno que ele faça perguntas e dê sugestões
,para que juntos possam construir aulas mais interessantes e didáticas. O professor
que observa e ouve os alunos se permite aprender, com quem deseja aprender e
depois poderá ensinar. Ao final de um tema abordado o professor deverá elaborar um
questionário com perguntas referente a maneira que foi dada a aula, dessa forma o
educador vai aperfeiçoar sua didática, ele sempre avaliar um conjunto de aulas que
aborde um determinado tema, assim ao longo do tempo será possível construir uma
didática de ensino, que traga resultados satisfatórios para, educador e educando.
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DISLEXIA AFETA LEITURA, ESCRITA E AUTO-ESTIMA

"Eu queria voltar para a pré-escola." Foi assim que a assessora de comunicação Maria Eugênia Ianhez, 34, reagiu quando descobriu, aos 27 anos, que sofria de dislexia, distúrbio que provoca dificuldades na leitura e na escrita. "Sei que tudo seria diferente. Não passaria pelos constrangimentos que vivi porque saberia como enfrentar minhas limitações. "A dislexia manifesta-se durante a alfabetização, mas nem sempre as escolas conseguem detectar os sintomas do distúrbio. Resultado: assim como Maria Eugênia, milhares de pessoas passam a infância e a adolescência sem conseguir ler um livro até o fim. Pior: sem saber por que isso acontece ou atribuindo a dificuldade à incapacidade intelectual. "O colégio era ruim em todos os momentos, porque eu achava que meu Q.I. era inferior ao normal", lembra Maria Eugênia. O disléxico tem dificuldade para correlacionar sons e sinais gráficos, o que afeta a alfabetização. Não se sabe o que causa a dislexia, mas já foi constatado que esse distúrbio mental - que não deve ser confundido com uma doença- é hereditário e congênito. A incidência difere de acordo com o sexo: para cada três homens disléxicos há só uma mulher. "No disléxico, a "idade" de leitura pode ser até dois anos inferior à idade cronológica", explica Mauro Muszkat, neurologista infantil da Unifesp. Esse déficit se traduz em dificuldade e demora para ler, em letra ruim e erros ortográficos ao escrever: omissão e troca de letras - como "b" por "d" e "m" por "n" (por terem grafias parecidas), ou "s" por "z" e "p" por "b" (pelo som semelhante) - e espelhamento (escrever "los" em vez de "sol"), por exemplo.
Muitas vezes, pais e filhos descobrem simultaneamente que sofrem de dislexia. João Alberto Ianhez, 63, pai de Maria Eugênia, só conseguiu entender suas dificuldades e as da filha quando ele já estava com 50 anos. "Sentia que eu era diferente dos outros, mas não sabia por quê. Na infância, a dificuldade era motivo de gozação e isso provocava retração e timidez", diz. A causa desses problemas foi identificada quando ele fez um trabalho voluntário para a ABD (Associação Brasileira de Dislexia). Em alguns casos, o alerta parte da escola do filho. Quando Felipe Alberto tinha 11 anos, a coordenação pedagógica do colégio onde ele estudava orientou sua mãe, Rosemari Marquetti de Mello, 41, fotógrafa, a procurar a ABD. Conversando com as psicólogas da associação, ela percebeu que apresentava as mesmas dificuldades de leitura e escrita do filho. A partir do diagnóstico, Rosemari procurou incentivá-lo a fazer atividades que lhe proporcionassem prazer e aumentassem sua auto-estima. Felipe, hoje com 16 anos, tem uma banda de rock e toca bateria, guitarra, violão e cavaquinho. "A maior dificuldade do disléxico não é não conseguir ler e escrever, e sim a auto-estima rebaixada", afirma Rosemari.
Não há cura para a dislexia, mas o distúrbio pode ser tratado com a ajuda de fonoaudiólogos e psicoterapeutas. "O tratamento fará com que a pessoa aprenda estratégias para ler mais rapidamente e com prazer", afirma Mauro Spinelli, foniatra (especialista em problemas da linguagem oral e escrita) da PUC-SP. Luis Celso Vilanova, chefe do setor de neurologia da Unifesp, explica que é feito um trabalho de reabilitação. Os especialistas corrigem as dificuldades ortográficas e oferecem outras opções de alfabetização para que a pessoa possa ler e escrever normalmente. Mas, mesmo sem acompanhamento, o disléxico pode criar estratégias para driblar o problema da aprendizagem usando os sentidos da audição, visão e tato, afirma Vilanova. E, na vida adulta, ele pode escolher profissões em que a escrita não seja muito importante. O cirurgião-dentista Adriano van Helden, 37, conseguiu terminar a faculdade usando recursos que ele mesmo desenvolveu. "Eu não conseguia estudar em casa porque tinha de ler o mesmo parágrafo quatro ou cinco vezes para entendê-lo", lembra. Depois de quase desistir do curso, ele descobriu uma saída: "Comecei a repetir em casa, exaustivamente, todos os procedimentos que aprendia nas aulas".Van Helden não sabia que a causa de suas dificuldades era a dislexia. Ele só descobriu que tem o distúrbio há seis meses, quando seu filho de dez anos foi diagnosticado como disléxico. "Percebi que o que ocorre com o meu filho também acontece comigo. "
Segundo a Associação Internacional de Dislexia, o problema afeta de 10% a 15% da população mundial. Os especialistas brasileiros, porém, são mais cautelosos com os números. Mauro Muszkat, da Unifesp, acredita que apenas cerca de 5% da população, em fase escolar, sofra do distúrbio. Já o foniatra Mauro Spinelli estima que esse percentual não seja superior a 1%. Para ele, percentuais maiores são gerados por avaliações menos cuidadosas, que não levam em conta problemas emocionais, auditivos e visuais que também podem gerar dificuldades na alfabetização. Para excluir esses outros fatores, o diagnóstico deve envolver uma equipe multidisciplinar -fonoaudiólogo, psicopedagogo, pediatra, neurologista e psicólogo. A avaliação só pode ser feita após os sete anos, fase em que a criança começa a se alfabetizar e já está madura neurologicamente. Mas, antes disso, na pré-escola, os pais já podem ficar atentos, principalmente se um deles é disléxico: há sinais que indicam se a criança tem propensão a desenvolver o distúrbio.
O que é difícil para a criança disléxica:
* Aprender a escrever: ela separa sílabas ("co migo" no lugar de "comigo"), troca algumas letras e omite outras e não diferencia tempos verbais (confunde as terminações "ão" e "am").
* Memorizar rimas e canções.
* Pronunciar palavras.
* Compreender e memorizar textos.
* Acompanhar a narração de histórias.
* Pintar dentro de linhas delimitadoras.
* Interessar-se por livros.
* Manter a atenção nas aulas.
* Em alguns casos, realizar cálculos. O que sinaliza o distúrbio nos mais velhos.
* Baixa auto-estima.
* Confundir direita e esquerda.
* Dificuldade para aprender outras línguas.
* Falta ou excesso de organização.
* Falha na memória imediata (dificuldade para lembrar informações recebidas recentemente, como o nome de uma pessoa que acabou de conhecer).
* Dificuldade para reproduzir ritmos.
* Dispersão (não consegue concentrar-se em uma atividade, qualquer movimento chama a sua atenção).
* Caligrafia ruim.
* Leitura lenta.
* Temor de ler em público.
* Ao redigir, troca constantemente palavras que não sabe como escrever por sinônimos.


(Folha de S. Paulo) JULIANA DORETTO - FREE-LANCE PARA A FOLHA
material disponivel em: ONDE Associação Brasileira de Dislexia: tels. 0xx/11/3258-7568, 0/xx/11/ 3258-8267 e 0/xx/11/3231-3296; www.dislexia.org.br